sexta-feira, 25 de outubro de 2013

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Um abraço!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Konzerthaus Berlin

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No primeiro olhar, o monumento impressiona. 

Soberbo, magnífico, grandioso

Quilômetros de tapete vermelho percorrendo os incontáveis degraus até a entrada. Em cada lateral, outro edifício imponente: catedrais gêmeas, uma francesa e uma alemã, que cercam a distinta Gendarmenmarkt e provam que estas nações podem, sim, conviver em harmonia.
















Foi amor à primeira vistaNaquele momento eu soube que não poderia sair de Berlim sem apreciar um espetáculo na Konzerthaus. 

No caminho até a bilheteria, tropecei em uma cadeira e quase tombei em cima de um coitado - típico, para uma pessoa que consegue cair parada (sim, já aconteceu - perguntem aos meus colegas de trabalho). Desculpe, com licença, e começa-se uma conversa. Descobri que ele estava esperando a bilheteria abrir para comprar a mesma apresentação que eu, então decidimos ir juntos.

No dia seguinte, nos encontramos na praça em frente e iniciamos a via crúcis até o topo das escadas. Admirei as senhorinhas que provavelmente fazem isso toda semana - vi gente jovem chegando ofegante lá em cima (eu? não, quê isso. imagina!).

A sala é deslumbrante. Bustos de compositores renomados ornavam as paredes, um órgão colossal ocupava toda a parede atrás do palco, lustres reluziam cada detalhe do cenário.















Sentamos no camarote frontal, com excelente vista para a orquestra. Pelo menos até um senhorzinho alemão polidamente apontar que a cadeira do meu amigo na verdade era dele. Comparamos os ingressos: ambos tinham o mesmo número de assento. Já me preparava para vociferar indignada com tamanha falta de organização, quando percebi que meu amigo tinha comprado o dia errado - sábado, em vez de sexta. 

Dessa vez, a desorganização veio em nosso favor - ninguém na entrada percebeu, ou teríamos um problema muito maior. Por sorte havia dois lugares livres mais à frente, em uma posição ainda melhor, e nos apropriamos.
















Os músicos entraram arrancando vivas da plateia. Pouco depois, o maestro - este, ovacionado de pé. A orquestra começou e o público se calou. Pelo menos até o fim do primeiro ato, quando começou o que batizei de...

"Transtorno da Garganta Bipolar".

Este fenômeno, ainda não estudado, consiste no silêncio absoluto durante cada ato, seguido de uma profusão incessante de tosses, desde as discretas até as mais catarrentas, nos breves intervalos. Isso aconteceu de forma idêntica em todos os cinco atos.

Não consegui entender: será que todos estavam prendendo a respiração, segurando a tosse durante aquele tempo todo? Isso é humanamente possível? Ou o silêncio repentino libera alguma substância no organismo que estimula a produção de reuma?

Médicos e fisiologistas, me deem uma luz!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Que coragem!

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Para quem quer que eu diga que vou viajar sozinha, essa é a primeira frase que escuto. 

Coragem é a virtude que enfrenta o medo. Por que as pessoas têm tanto medo de viajar sós? E de onde vem toda essa admiração aos que se arriscam e saem por aí acompanhados somente de uma mochila?


Essa foi a minha companheira.


















Muitas vezes a dificuldade com idiomas paralisa as pessoas. Em outros casos é a timidez - o desafio de se comunicar com desconhecidos, mesmo falando a mesma língua. Às vezes é a preocupação em dar algo errado - perder um voo, ser furtado, sofrer um acidente, acabar o dinheiro - e não ter ninguém por perto para apoiar.

Mas eu acho que no fundo o medo é mesmo da solidão.


Você.














Nós aprendemos desde cedo que a solidão é ruim - coisa de gente excêntrica, introvertida, anti-social, à margem da sociedade. Por isso, fugimos dela a todo custo. Mesmo trancados no quarto com mais ninguém, buscamos distrações pra disfarçar nossa solidão - a internet que o diga! Estar a sós com nossos pensamentos pode ser entediante - quando não sabemos o que pensar - ou doloroso - quando não queremos enfrentar nossos monstros.

Viajar só é ver a sua essência mais pura e verdadeira jogada na sua cara, sem censuras. Sua forma de reagir e lidar com cada situação é pessoal e intransferível. O seu olhar e a energia que ele passa vai definir como - e se - as pessoas se aproximam de você. Você vai passar longos períodos sem internet e sinal de celular e, quando acabar seu livro ou a bateria do tablet, se verá obrigado a pensar para passar o tempo. A reflexão é inevitável, assim como o crescimento que a acompanha.

Quem viaja só não desbrava apenas o mundo, mas sobretudo a si mesmo. Indo para fora e vivendo situações extremas, se volta para dentro e aprende como nenhuma escola poderia ensinar.



Essa é a melhor escola.












O mochileiro solitário é sociável - pode não ter nascido assim, mas aprendeu a ser para não virar um ermitão.

É insaciável - entende que não é o mundo que muda, mas ele próprio, e mata sua sede de novidades a cada dia mudando apenas sua perspectiva.

Tem menos preconceitos - aprende que o diferente é apenas isso, nem melhor nem pior; e que na maioria das vezes esse papel vai ser dele.

Fica safo - aprende na marra a lidar com os mais diversos perrengues e a superar frustrações.

É mais leve - sabe que a felicidade está nos momentos mágicos que constrói, e não nas coisas que possui.

É autêntico - entende que não precisa vestir uma máscara para ser visto como alguém interessante.

É despojado - não tem tempo nem espaço na mochila para as últimas tendências da moda, então se veste de sua personalidade.

Eu viajo sozinha porque o que mais quero é aprender a ser essa pessoa. Mas se você não tem um mês de férias, não se garante no inglês ou não tem dinheiro para a passagem, não se preocupe. Um fim de semana na praia ou na serra, logo ali, é suficiente para começar.

Não é preciso ir longe para se encontrar.


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Chegando na Alemanha

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Após a maratona Ethiopian Airlines, finalmente pisei em solo alemãoMal saí do avião e já comecei a ser ofendida por placas que diziam na minha cara, sem qualquer cerimônia, coisas como Einschiffung, Sicherheitscheck, Endgerät, Flughafen, Gepäckausgabe... 

Gepäckausgabe é a mãe!

Me recompus do impacto inicial, foquei nos desenhos e corri até o controle de passaportes. Motivo da pressa: havia agendado outro voo, de Frankfurt para Berlim, naquele mesmo dia, em menos de 3 horas.

Sim, eu gosto de viver perigosamente.















Péssima ideia? Pois é, mas o outro voo barato era no dia seguinte e o mochilão causa um efeito colateral no meu cérebro: ele entra em "travel mode" e faz qualquer risco desnecessário que resulte em ganho de tempo parecer uma opção muito melhor do que a segurança de um planejamento bem feito.

O resultado disso foi chegar esbaforida no controle de passaportes e receber o primeiro olhar desconfiado da viagem.

"Motivo da viagem?"
"Férias muito merecidas."
"Quanto tempo em Frankfurt?"
"Umas duas horas - mas na Europa, 28 dias."
"Tem a passagem de volta?"
"Claro... peraí."

Abri a bolsa de mão, lotada, e puxei um calhamaço de papeis. Por sorte, o do voo era o primeiro. A funcionária começou a examinar, confusa com a quantidade de conexões e escalas. Parecia que eu ia dar a volta ao mundo.

"Tem comprovante de hospedagem na Alemanha?
"Em Berlim vou ficar com um amigo, mas tenho das outras cidades."

Enquanto mexia nos papeis, fui narrando o que encontrava para ganhar tempo.

"Aqui, moça: albergue em Praga, Dubrovnik, Cracóvia, dicas de viagem para Budapest, guia da Oktoberfest..."

Percebi que a minha pressa estava deixando a funcionária exasperada. Ela deu ok e carimbou meu passaporte, provavelmente aliviada por se livrar de mim.

Corri até a esteira de bagagens só para descobrir que toda aquela afobação foi em vão: estava vazia e tive que esperar com todos os outros passageiros até resolverem liberá-las. E eu achando que alemães eram eficientes...

A mochila foi fácil de avistar: parecia um filhote de alienígena, toda embalada em plástico verde. Não quis desembrulha-la, porque tinha outro voo em seguida, e não consegui pegar um carrinho: custava 2 euros, eu só tinha reais e não havia caixa eletrônico a vista. O resultado? Uma brasileira desastrada correndo pelo aeroporto agarrando a mala no colo como se fosse um filho. Extraterrestre, ainda por cima.



Felizmente cheguei ao terminal certo em tempo, fiz o check in e, com as mãos livres, pude focar em coisas mais mundanas como sacar dinheiro, ir ao banheiro, comer.

Já na sala de embarque, fui confirmar com um funcionário o caminho certo até o meu portão:

“Berlim é por aqui?”

Ele respondeu sem hesitar: 

“Sim... Mas Frankfurt é para lá, se você decidir ficar”. E ainda soltou uma piscadinha no final. 

A primeira cantada da viagem, com muito estilo. 

Dali em diante tudo correu suavemente, embarquei e, com um Prosecco em mãos, aguardei ansiosamente o momento de desembarcar em Berlim e começar oficialmente a aventura

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Uma noite na Etiópia

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Foi só fazer o check in em Addis Ababa para o celular começar a apitar

"Mas... você não ia para a Europa? Mudança de planos? Pegou o voo errado? Foi raptada? Sua louca!"

Na verdade, tudo não passou de uma compra por impulso. Após semanas vendo passagens a cerca de R$ 3 mil, encontrei uma empresa aérea obscura que fazia São Paulo - Frankfurt a US$ 1000. Não pensei duas vezes, cliquei em comprar. E aí começou a saga...

1. Epic Fail



Quando comprei o bilhete, não reparei em uma conexão maldita de - pasmem - 12 horas (!!!) em Addis Ababa, Etiópia. 

Depois de bater com a cabeça na parede algumas vezes e pensar em planos como ligar para o cartão de crédito falando que foi fraude ou simular uma certidão de óbito, me acalmei e resolvi tolerar minha sina. 

Aguentar 12 horas no aeroporto de um dia para o outro seria uma punição merecida por ter sido tão impulsiva na compra a ponto de não reparar em um detalhe tão importante.

2. A surpresa



Já em Guarulhos, fazendo check in, tive a primeira boa surpresa da viagem: um voucher com direito a translado, hotel quatro estrelas, jantar e café da manhã na Etiópia. 

Para quem achava que ia ter que dormir no chão do aeroporto, ganhar esse brinde da companhia aérea foi no mínimo um golpe de sorte! A viagem começou com o pé direito.

3. O susto



Indo para o hotel, na van com outros tantos passageiros em conexão, me deparo com um grupo de homens armados que estavam longe de serem agentes da lei.

4. A comida



Confesso que esperava muito mais do jantar de um hotel quatro estrelas. Mas imagino que haja um arranjo especial entre o hotel e a companhia aérea, pois todos os que jantaram naquele horário tinham um voucher igual ao meu. Havia poucas opções de pratos, nada muito típico e o aspecto não era dos melhores. Peguei o espaguete com molho vermelho bem apimentado, legumes cozidos e picadinho de carne. Abandonei a carne na primeira mordida - era intragável! E nada de sobremesa - me contentei com o biscoitinho que trouxe do Brasil.

O café da manhã é pesado, quase como um almoçoarroz colorido, feijão branco, batatas rostie, salsichas fatiadas, vegetais ao vapor... e, lá no fundo, um pãozinho acompanhado de manteiga e geleia - imagino que para turistas como eu, acostumados com um desjejum mais leve.

5. O hotel
















Chique. Muito chiqueUm hall de entrada amplo e pomposo, lustres suntuosos, decoração luxuosa, sofás e poltronas de couro tão confortáveis que fariam inveja a qualquer CouchSurfer.

Uma suíte respeitável com cama king size, sala com escrivaninha, poltronas e mesa de jantar, banheira de hidromassagem, chuveiro tecnológico com variados ajustes de ducha, jogo de luzes e música ambiente. Não tive do que reclamar.

6. A despedida



Mal a vi e já me fui. O pouco tempo na África me rendeu impressões e inspirações diversas... e o desejo de voltar. Pode ser daqui a vários anos, mas essa viagem vai acontecer - aguardem.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Medo, Terror e Pânico

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Saindo do avião em Addis Ababa, me amontoei com outras dezenas de passageiros na fila de translados da Ethiopian Airlines. Recebi um visto de um dia, carimbei meu passaporte e fui seguindo o fluxo até o estacionamento, onde havia diversas vans estacionadas, cada uma com o nome de um hotel no vidro dianteiro. A minha dizia "Friendship International", nome que me arrancou um sorriso involuntário - seria um bom sinal?

Sentei no banco da frente e perguntei ao motorista quanto tempo até o hotel. "Três minutinhos, senhorita". Fiquei um pouco desapontada, porque queria aproveitar a oportunidade para ver um pouco da cidade, sabendo que seria uma péssima ideia sair à noite sozinha para explorá-la.

Esse desapontamento desapareceu uns dois minutos depois.

Viramos uma esquina e vi um grupo de homens rindo e falando alto, ocupando a calçada e a beira da rua. Cada um tinha uma metralhadora apoiada no ombro. Reparei em uns detalhes dourados aqui e ali - cordões, relógios, anéis. Eles vestiam camisetas, bermudas e sandálias, o que eliminou imediatamente a minha esperança de serem policiais. 

Um deles avistou a van e apontou para os outros. Eles começaram a rir. Meu coração disparou. Passou um filme inteiro na minha cabeça - um sinal para a van encostar, todos os passageiros na rua, palavras agressivas em um idioma desconhecido, mais risadas, uma explosão, o motorista jogado na sarjeta, um cara armado assumindo o volante, a ordem de voltar ao veículo, a certeza de que a jornada que nem comecei iria terminar ali.

Pisquei e a cena se dissolveu - já estávamos estacionando na porta do hotel, e nada tinha acontecido. Respirei fundo. Fui a primeira a fazer o check in. Entrei no quarto, tomei um banho, relaxei. Revi a posição da Etiópia no mapa - vizinha do Sudão, Somália e Arábia Saudita, pouco abaixo do Egito. É uma região cheia de conflitos sobre os quais pouco ou nada ouvimos falar.

Um mês depois, no voo de volta para casa, sentei ao lado de um guineense que trabalha na Cruz Vermelha - ele estava a caminho de Togo para uma missão com crianças separadas de suas famílias durante conflitos étnicos. Contei sobre minha breve experiência na Etiópia e tivemos uma longa conversa sobre os problemas sociais da África, que estão longe de qualquer solução. Soube de lutas armadas sobre as quais nunca tinha ouvido falar e do trabalho de ativistas e cientistas sociais para amenizar as cicatrizes do continente.

Na hora, lembrei dessa ilustração do The Oatmeal satirizando um aspecto da mídia - que elege um assunto em voga e o suga à exaustão, muitas vezes deixando outros temas tão importantes quanto de lado; e um aspecto do espectador - que deglute as notícias de forma apática e muitas vezes irracional, trocando valores e manifestando-se de formas quase sempre inúteis.

O triste é olhar para dentro e perceber que muitas vezes eu me encaixo nessa sátira.

Bem... o reconhecimento é o primeiro passo para a mudança.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O café da Etiópia

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Por experiência própria, nunca tomo café em avião. É sempre um chá ralo de cafeína amargo e sem gosto que pede quilos de açúcar para ficar palatável - um excesso de calorias totalmente dispensável, para proporcionar pouco ou nenhum prazer. Por isso, a reação automática quando me oferecem é um categórico "não, obrigado"

"Açúcar e creme?"
Dessa vez não foi diferente - até a comissária passar e o rastro de um delicioso perfume alcançar minhas narinas.



"Ei... volta aqui! Mudei de ideiaO cheiro é tão gostoso que não resisti!"

Ela riu: "Normal... O nosso grão é o melhor do mundo. Até quem não toma café muda de ideia quando sente este aroma."

Até pensei em discutir - afinal, sou da terra do café exportação! Mas no primeiro gole desisti. Se o café de avião, que é uma porcaria, tinha aquela riqueza de sabor, imagina o grão premium deles. 

Saboreei aquele néctar humildemente, feliz por mais uma experiência única que a Etiópia me proporcionou.

P.S.: Chegando em Berlim, constatei que a Starbucks havia feito essa descoberta muito antes de mim.

Sou mais o original.
P.P.S.: Minha pesquisa pós viagem revelou que o berço do café mundial é de fato a Etiópia, e que este ainda hoje movimenta 85% da economia do país.